quarta-feira, 13 de maio de 2009

O lema “Ordem e Progresso” dentro do vocabulário dos positivistas brasileiros


A atual bandeira da República Federativa do Brasil é, na verdade, uma reformulação pintada por Décio Villares do desenho feito pelo artista francês Jean Baptiste Debret para a bandeira do Império Brasileiro.

Com a proclamação da República, em 1889, algumas versões para o estandarte foram apresentadas; a opção escolhida foi concebida pelos diretores do Apostolado Positivista do Brasil Raimundo Teixeira Mendes e Miguel Lemos, e por Manuel Pereira Reis, catedrático de astronomia da Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Nessa bandeira basicamente se retirou o brasão imperial e o substituiu por um círculo, em que está estampada uma representação do céu em 15 de novembro de 1889, cortado por uma faixa branca em que se lê o lema “Ordem e Progresso”. Essa expressão não tem origem exatamente na fórmula máxima do Positivismo de Augusto Comte: “O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim”.

A presença desse lema na bandeira se deve à influência definitiva que filósofos positivistas como Luís Pereira Barreto, Teixeira Mendes e Miguel Lemos – além de simpatizantes desse pensamento como Benjamin Constant – tiveram na proclamação da República no Brasil. A expressão já era usada por Pereira Barreto em seus artigos contra o Império e a presença da Igreja no Estado e nos panfletos e livros publicados pelo Apostolado no Brasil.

A filosofia positivista propunha uma reforma completa na sociedade. Essa reforma envolveria uma reelaboração da educação pautada principalmente por uma sólida base ética. Para tanto, Comte propunha que se deveria estudar a sociedade de uma forma análoga à que se estuda a física dos elementos brutos (química, astronomia e física propriamente dita) e a física dos elementos complexos (biologia, fisiologia e medicina), criando assim uma física social (sociologia). Por meio dessa física social, seriam encontradas leis naturais (ou imperativos categóricos) que iriam compor bases para a conduta, estabelecendo o papel de cada elemento dentro da sociedade.

Quando da proclamação da República, os positivistas brasileiros imaginavam que uma nova sociedade brasileira que seria fundada sobre o lema do positivismo, encontrando-se as leis para o progresso dentro da ordem.

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