Navegando na
Wikipédia, descobri um fato curioso: no dia 25 de
outubro se celebra tanto o dia da democracia quanto o dia do macarrão. Democracia tem a ver com macarrão? Bom, isso eu não sei. Use o seu poder de
abstração. Há quem diga que tem a ver com pizza, por exemplo.
Democracia tem um sentido bem amplo, mas – em linhas gerais – pode ser entendido como o sistema político em que a vontade da maioria é acatada, mas que, sobretudo, respeita o direito de as minorias se expressarem. (Você pode ter uma definição melhor consultando a
Wikipedia ou um dicionário, vá lá) .
Macarrão é como aquelas figuras humildes, como eu, chamam o
spaghetti, o
penne rigate, o
fusilli, o
tagliarini, o
farfalle e o
fettuccine.
Uma coisa boa de um regime verdadeiramente democrático é que ele minimiza o número de déspotas no poder (Não. Por mais que você não goste de Bush,
Blair, Lula,
Chavez e
Cia. Não dá para chamá-los de déspotas). Quer dizer: chegar ao poder até chegam. Podem, por exemplo, até dizer que o partido Nazista chegou ao poder por meio das eleições, mas não dá para dizer que eles promoveram um governo democrático ao se estabelecerem no poder. E o Bush, gostem ou não, vai sair no ano que vem.
Democracia é boa? Por mais que nos
abstenhamos de debater sobre os elementos que estão envolvidos na resposta, ela jamais será conclusiva. Todos nós sabemos que negar a democracia não significa defender a ditadura, claro. Embora muitos gostem que acreditemos que exista essa dualidade, ela, de fato, não se sustenta.
Eu diria que o que estraga a democracia e justamente o fato de se precisar de um governo. E a
exceção dos
gnomos e dos finlandeses (e olha que tem muita gente dizendo que finlandeses não existem) quase ninguém é 100% satisfeito como o governo que escolheu para si.
Olha, eu também não saberia responder a perguntas como: "Macarrão é bom?" Provavelmente eu diria que "macarrão, dependendo do modo de preparo, é gostoso". Com isso vemos que o problema está nas palavras e não na democracia em si (seja lá o que venha a significar a expressão "algo em si").
Vejamos por exemplo um grande exercício da democracia: eleições. Na passada, tivemos quatro deputados campeões de votos, pela ordem:
Maluf,
Ciro Gomes, Celso
Russomano e
Clodovil.
Uma velhinha, uma vez, confessou em público que votara no
Clodovil para deputado. Quando todos protestaram, dona
Isaurinha nos contou que em 1958, havia escrito na cédula o nome do rinoceronte
Cacareco para vereador (ele teve por volta de 100 mil – o partido mais votado teve 95 mil –, sua candidatura fora uma invenção do jornalista
Itaboraí Martins, em protesto contra o baixo nível dos 450 concorrentes). Ela se dizia infeliz com o advento da urna
eletrônica que havia limado protestos bem-humorados como esse.
Clodovil apareceu como candidato em um momento de grande desilusão política, e ela o havia enxergado como uma chance de ressuscitar o espírito do finado
Cacareco. O que ela não contava é que
Cacareco como bom rinoceronte, nunca escondeu suas verdadeiras intenções – aliás, estavam na cara. Já o nosso estilista deputado, mostrou-se afeito ao troca-troca, e já pulou para a base do governo. Parafraseando aquele cronista
esportivo metafísico: "A nível de
caráter,
Clodovil não dá meio
Cacareco"
Acontece que o
Clodovil descobriu um novo nicho para as celebridades decadentes. É o que eu sempre digo se uma celebridade decadente tem algum
caráter vai fazer filme
pornô, se não tem nenhum entra para a política.
Nas próximas eleições, teremos Sérgio
Mallandro candidato a vereador em São Paulo pelo
PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Talvez o Sérgio
Mallandro seja a síntese dos políticos brasileiros: fez carreira como malandro e nas eleições posa de trabalhista. Não duvido nada que ele seja eleito. Mas eu gostaria que no dia da posse o
Mallandro trabalhista pedisse a palavra, subisse a tribuna e gritasse: "
Ráááááááa. É
pegadinha!"
E como perguntaria o
Silvio Santos: "E o macarrão?" Isso não vem ao caso.