terça-feira, 8 de abril de 2008

Democracia ou Macarrão.

Navegando na Wikipédia, descobri um fato curioso: no dia 25 de outubro se celebra tanto o dia da democracia quanto o dia do macarrão. Democracia tem a ver com macarrão? Bom, isso eu não sei. Use o seu poder de abstração. Há quem diga que tem a ver com pizza, por exemplo.

Democracia tem um sentido bem amplo, mas – em linhas gerais – pode ser entendido como o sistema político em que a vontade da maioria é acatada, mas que, sobretudo, respeita o direito de as minorias se expressarem. (Você pode ter uma definição melhor consultando a Wikipedia ou um dicionário, vá lá) .

Macarrão é como aquelas figuras humildes, como eu, chamam o spaghetti, o penne rigate, o fusilli, o tagliarini, o farfalle e o fettuccine.

Uma coisa boa de um regime verdadeiramente democrático é que ele minimiza o número de déspotas no poder (Não. Por mais que você não goste de Bush, Blair, Lula, Chavez e Cia. Não dá para chamá-los de déspotas). Quer dizer: chegar ao poder até chegam. Podem, por exemplo, até dizer que o partido Nazista chegou ao poder por meio das eleições, mas não dá para dizer que eles promoveram um governo democrático ao se estabelecerem no poder. E o Bush, gostem ou não, vai sair no ano que vem.

Democracia é boa? Por mais que nos abstenhamos de debater sobre os elementos que estão envolvidos na resposta, ela jamais será conclusiva. Todos nós sabemos que negar a democracia não significa defender a ditadura, claro. Embora muitos gostem que acreditemos que exista essa dualidade, ela, de fato, não se sustenta.

Eu diria que o que estraga a democracia e justamente o fato de se precisar de um governo. E a exceção dos gnomos e dos finlandeses (e olha que tem muita gente dizendo que finlandeses não existem) quase ninguém é 100% satisfeito como o governo que escolheu para si.

Olha, eu também não saberia responder a perguntas como: "Macarrão é bom?" Provavelmente eu diria que "macarrão, dependendo do modo de preparo, é gostoso". Com isso vemos que o problema está nas palavras e não na democracia em si (seja lá o que venha a significar a expressão "algo em si").

Vejamos por exemplo um grande exercício da democracia: eleições. Na passada, tivemos quatro deputados campeões de votos, pela ordem: Maluf, Ciro Gomes, Celso Russomano e Clodovil.

Uma velhinha, uma vez, confessou em público que votara no Clodovil para deputado. Quando todos protestaram, dona Isaurinha nos contou que em 1958, havia escrito na cédula o nome do rinoceronte Cacareco para vereador (ele teve por volta de 100 mil – o partido mais votado teve 95 mil –, sua candidatura fora uma invenção do jornalista Itaboraí Martins, em protesto contra o baixo nível dos 450 concorrentes). Ela se dizia infeliz com o advento da urna eletrônica que havia limado protestos bem-humorados como esse. Clodovil apareceu como candidato em um momento de grande desilusão política, e ela o havia enxergado como uma chance de ressuscitar o espírito do finado Cacareco. O que ela não contava é que Cacareco como bom rinoceronte, nunca escondeu suas verdadeiras intenções – aliás, estavam na cara. Já o nosso estilista deputado, mostrou-se afeito ao troca-troca, e já pulou para a base do governo. Parafraseando aquele cronista esportivo metafísico: "A nível de caráter, Clodovil não dá meio Cacareco"

Acontece que o Clodovil descobriu um novo nicho para as celebridades decadentes. É o que eu sempre digo se uma celebridade decadente tem algum caráter vai fazer filme pornô, se não tem nenhum entra para a política.

Nas próximas eleições, teremos Sérgio Mallandro candidato a vereador em São Paulo pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro). Talvez o Sérgio Mallandro seja a síntese dos políticos brasileiros: fez carreira como malandro e nas eleições posa de trabalhista. Não duvido nada que ele seja eleito. Mas eu gostaria que no dia da posse o Mallandro trabalhista pedisse a palavra, subisse a tribuna e gritasse: "Ráááááááa. É pegadinha!"

E como perguntaria o Silvio Santos: "E o macarrão?" Isso não vem ao caso.

Um comentário:

Toni Neto disse...

Fantástico, André!!!!

Já tá sabendo da Rita Cadillac tb pra deputada?!?!?!?!?

Muito bom o texto!

Toni